Carretera Austral – Chile
Carretera Austral? Onde é isso? Certamente, foi a pergunta que mais ouvi quando comentava que este seria o destino da minha próxima viagem. Minha explicação tentava ser resumida. Eu respondia: Patagônia Chilena! E ouvia de volta: “ah! Torres del Paine?” Nãoooo! Carretera Austral, gente! rs
As dicas sobre a Carretera Austral serão divididas em 2 posts. Neste, explico, detalhadamente, informações gerais, como quanto tempo ficar, onde dormir, hotéis que recomendo, como dirigir por lá… E neste segundo post será o meu roteiro, contando exatamente o que fiz por lá e minhas indicações.
O que é Carretera Austral? Onde fica? Do que se alimenta? Como se reproduz?
Obs: O título acima é para ser lido com a voz do Globo Repórter.
A Carretera Austral fica no Chile, ao sul do país, e tem 1.240km, ligando Puerto Montt a Villa O’Higgins.
Optamos por chegar pelo aeroporto de Balmaceda, que fica na parte central do trecho, onde estão localizadas as principais “atrações”, digamos assim.
A estrada não é toda pavimentada e tem trechos bem perigosos.
Sua construção iniciou-se em 1976, durante o Regime Militar, sendo um dos projetos mais caros de todo o século XX no Chile, visando permitir a conexão da Patagônia Chilena ao resto do país. A rodovia ainda não está completa e, por isso, vários trechos são ligados por balsas.
Ou seja, é ainda tudo muito novo e inexplorado. Por isso, possui um charme ainda maior.
Como chegar na Carretera Austral e se movimentar?
Há dois aeroportos principais para voos internacionais, ao longo da Carretera Austral, o de Puerto Montt e o de Balmaceda (minha escolha). Puerto Montt fica bem ao norte, no início do percurso. Para quem quer fazer o trecho completo, pode ser uma boa opção de chegada ou partida.
Voei de LATAM do Rio de Janeiro até Santiago, e de lá até Balmaceda. O grande problema foi o tempo de espera entre esses voos. Cheguei em Santiago por volta de 23h, e meu voo para Balmaceda só sairia por volta de 6h da manhã. E o detalhe é que só existia essa opção de voo, todos os dias, sendo esta, na verdade, a melhor opção (ou menos pior).
Esse intervalo é muito longo (além do fato de ser de madrugada) para esperar nas cadeiras do próprio aeroporto. Ao mesmo tempo, é um tempo curto para pegar um táxi até um hotel próximo, e voltar a tempo de fazer o check-in, despachar mala e tal. Por isso, para mim, a única opção seria me hospedar no hotel dentro do próprio aeroporto, e foi o que fiz. Me hospedei no Holiday Inn Santiago Airport Terminal, que fica, literalmente, do outro lado da calçada. Sinceramente, achei caro, ainda mais para tão pouco tempo. Massss, não me arrependo. Tive algumas horas dignas de sono, o que foi ótimo, já que cheguei bem cedo em Balmaceda, com tempo para aproveitar o dia.
Vale ressaltar que o voo de Santiago para Balmaceda tem o visual lindo! Tente sentar na janelinha para não perder nada!
Como eu só tinha 1 semana, preferi chegar e sair por Balmaceda, que fica bem no meio mesmo do percurso.
Aluguel de carro
No próprio aeroporto, retirei o carro que aluguei, antecipadamente, pelo site RentCars (que é onde costumo alugar, e uma ótima opção já que o aeroporto é bem pequeno e não acho uma boa decisão arriscar para alugar na hora. E, pelo site, você ainda paga em real, parcelado, e sem IOF.)
Minha recomendação é alugar um carro 4×4. Não é extremamente necessário, mas, com certeza, será mais confortável. Nem todas as estradas são pavimentadas, e sua experiência será melhor. O nosso não era. Deu conta, mas, em determinados momentos, era um tanto desconfortável e sacudia bastante.
De uma maneira geral, as estradas são bem sinalizadas, sendo praticamente impossível se perder, já que há poucas saídas ao longo delas, com poucas cidades no caminho. Então é praticamente uma reta. Porém, alguns trechos são extremamente perigosos, muito estreitos, com curvas muito fechadas, penhascos e pouca visibilidade (tanto em relação ao tempo, se estiver nublado; como pelos veículos que estão vindo na direção contrária).
Postos de gasolina
Ao alugar o carro, ele estará com o tanque cheio, claro. Mas tente se precaver e não deixe baixar da metade do tanque, é o meu conselho. Não tem postos de gasolina ao longo da estrada, mas apenas nas cidadezinhas (e não tem todas). Então, seja cauteloso com relação a isso.
Quando ir?
Para visitar a Patagônia, recomenda-se ir no verão, mais especificamente entre dezembro e fevereiro, quando tem menos chance de chuva. Não vai ser calor, mas estará uma temperatura amena. Fui no finalzinho do ano (entre Natal e Reveillon), e peguei uma temperatura média de 15°C. Nos primeiros dias da viagem chegou a 7°C, e no final, a mais alta foi de 23°C.
Infelizmente, peguei alguns dias de chuva, mas faz parte, né?!
Quantos dias para conhecer a Carretara Austral?
Se você pensar em fazer a rota completa da Carretera Austral, de Puerto Montt a Villa O’Higgins, programe-se para ficar entre 10 e 14 dias. Menos tempo que isso será muito corrido.
Se não tiver esse tempo todo para tirar, como foi o meu caso, recomendo fazer algo parecido com o meu roteiro de 7 dias. Menos tempo que isso fica absolutamente inviável.
Onde pernoitar? Meu cronograma:
Abaixo, coloco uma planilha como meu cronograma de viagem pela Carretera Austral, as cidades que pernoitei, os hotéis em que fiquei, e o tempo de viagem entre elas (fiz questão de colocar a distância em km e o tempo real de viagem, já que muitas estradas tem a velocidade máxima baixa, por terem muitas curvas e serem perigosas).
| Datas | Cronograma | Pernoite | Km/Tempo | Hotel |
|---|---|---|---|---|
| 26/12 | Chegada em Balmaceda | Puerto Guadal | 254km / 4h52m | El Mirador de Guadal |
| 27/12 | Puerto Guadal | Puerto Guadal | El Mirador de Guadal | |
| 28/12 | Puerto Guadal | Chile Chico | 103km / 2h | Posada Del Rio |
| 29/12 | Chile Chico | Chile Chico | Posada Del Rio | |
| 30/12 | Chile Chico | Coihaique | balsa 2h + 115km/1h41m | Patagoia Domos |
| 31/12 | Coihaique | Coihaique | Patagoia Domos | |
| 01/01 | Coihaique | Balmaceda | 55,8km / 1h |
Considerações sobre os hotéis e cidades para dormir na Carretera Austral
As cidades para pernoite foram escolhidas com muito cuidado, baseada nas atrações ao longo da Carretera Austral, distância entre elas, e hotéis dignos. Explico! Como falei acima, se trata de um turismo muito novo, e nem todas as cidades possuem lugares descentes para dormir. Admito que com a idade chegando, estou menos disposta a encarar qualquer cama e local estranho. Por outro lado, estou longe de ser das mais exigentes. Só tento buscar um meio termo confortável mesmo.
Quer ver um exemplo? Em Puerto Tranquilo tem algumas atividades muito legais para fazer (tanto na própria cidade, como alguns passeios partindo de lá). Mas ao pesquisar hotéis, não achei nenhum minimamente descente, para os meus critérios. Então, preferimos esticar até Puerto Guadal, onde tinham mais opções.
Também optei por ficar duas noites em cada cidade, para diminuir um pouco o processo de “faz mala, desfaz mala…”
Puerto Guadal – El Mirador de Guadal
Esta cidade, surpreendentemente, tem algumas opções de bons hotéis, e é maiorzinha (e quando escrevo maiorzinha, quero dizer que não é apenas uma rua! rs).
Como faço aniversário dia 27 de dezembro, escolhemos um hotel mais legal para ficar em Puerto Guadal, e não nos arrependemos. O hotel El Mirador de Guadal (para ver cotação e mais fotos, clique AQUI) foi disparado o melhor da viagem e é incrível em todos os aspectos.
O chalé tem uma vista SENSACIONAL e única, a cama é maravilhosa, banheiro grande e moderno, uma lareira delícia, o atendimento é de primeira, e ainda tem um restaurante super agradável! O café da manhã estava incluído e era satisfatório (não maravilhoso). O wi-fi não era dos melhores e só funcionava no chalé principal, onde ficava a recepção e o restaurante. Porém, no geral, eu amei o hotel e recomendo muito mesmo!
Chile Chico – Posada Del Rio
Chile Chico também é uma cidade maiozinha, mas um pouco mais simples que Puerto Guadal. A Posada Del Rio (para ver cotação e mais fotos, clique AQUI) fica um pouquinho afastada do centro, quase na divisa com a Argentina. Inclusive, da janela do nosso quarto, víamos o posto da polícia na fronteira.
O hotel era bem mais simples (comparado ao anterior), mas com um bom custo x benefício. Cama confortável, quarto espaçoso, bom atendimento e café da manhã incluído e ok também.
Coihaique – Patagoia Domos
Esse hotel… ah esse hotel…. rs Foi uma experiência que foi legal viver, mas acho que não repetiria! rs Primeiro, vou admitir uma coisa, eu NUNCA acampei na minha vida. Gosto de ar condicionado, energia elétrica, colchão bom, banheiro privativo… Dito isso, se não acampei até agora, não vai ser no auge dos meus 30 e muitos que irei acampar… rs
O Patagonia Domos é tipo um acampamento de luxo. Os quartos são também de lona, mas já montados e com banheiro privativo (banheiro bem bonito por sinal e dentro do quarto). Além disso, as tais cabanas são montadas em decks, e possuem janelas e porta, frigobar, cafeteira de café expresso, iluminação, aquecedor… Parece super tranquilo, né?! Também achava! Mas, não foi bem assim! rs Primeiro que a tal tenda, toda branca, fazia com que entrasse MUITA claridade no quarto ao amanhecer, o que pra mim já era um grande problema.
Fora isso, a água quente (tudo bem que eu gosto de tomar banho BEM quente) só durava os primeiros 5 minutos do banho; e de tarde, com a temperatura um pouco mais alta, esquentava MUITO! E abrindo a janela e a porta, para circular o ar, entravam uns insetos. Juro que não sou a pessoa mais fresca do mundo. Mas no primeiro dia, assim que nos instalamos, considerei fortemente trocar de hotel.
Durante a noite, ficava muito agradável. A temperatura bem fresquinha, mesmo dentro da cabana com tudo fechado, silêncio absoluto e o melhor… o céu mais estrelado que já vi na vida! Incrível!
Passamos 2 noites lá, incluindo o Reveillon, e foi realmente algo memorável! Outro ponto MUITO alto da estadia era o café da manhã. No fim da tarde, deixavam dentro do nosso quarto a nossa cesta, com pães, frios, sucos, cápsulas para a cafeteira e tudo que tinha direito. E de todos os hotéis, o Patagonia Domos ofereceu o melhor café da manhã, com certeza! (Mas também admito que café da manhã não foi o forte da viagem… rs)
Quanto à cidade de Coihaique, considero uma parada obrigatória. É a maior cidade da Carretara Austral (ainda assim, longe de ser uma cidade grande), com mais opções de restaurantes, bares e lojas. Foi muito bom ter um pouco mais de opções depois de alguns dias mais afastados de civilização! rs
Outras dicas da Carretera Austral
Moeda e dinheiro
Como falei algumas vezes, esta é uma rota turística relativamente nova, então, é sempre bom andar com peso chileno na carteira. Vários lugares aceitam cartão de crédito, mas não todos. Logo, não conte com isso e seja cauteloso.
Tirando Coihaique, nem lembro de ter visto bancos e caixas eletrônicos em outras cidades.
Compras e comida
O mesmo cuidado em relação a gasolina, pode ser tomado para a comida. Todas as cidadezinhas possuem mercadinhos, mas com horários um pouco limitados. Como as distâncias entre as cidades e passeios são relativamente grandes, é bom se precaver e ter sempre uma reserva… um lanchino, um chocolate, um vinho… rs
Aliás, vou aproveitar o gancho para dizer que comprávamos vinhos sensacionais por um preço muito acessível! Vinhos, que nem chegam a ser vendidos no Brasil, ou, quando são, é pelo triplo do preço! Não sou sommelier, nem uma grande entendedora, mas sou uma excelente apreciadora! rs Os melhores vinhos que tomei, recentemente, foram da África do Sul, e da Itália. Mas também tenho muitas indicações de vinhos do Chile! Se interessar, é só mandar mensagem que envio minha listinha!
O que levar na bagagem
Finalizando, esse é um ponto muito importante! ESQUECE qualquer salto alto, ou sapato desconfortável. O foco é tênis e botinha impermeável de trilha. E preste atenção que fui no verão! Mas roupas e sapatos impermeáveis são fundamentais!
Fora isso, um bom casaco, também impermeável e COM GORRO, é essencial! Lá venta bastante! Sem gorro, você vai ver que está longe de fazer o mesmo resultado; somente calça (esqueça bermuda e short); esqueça qualquer regata, mas é importante levar manga curta também; capa de chuva (da boa!); gorro, luva e mais. É basicamente isso mesmo!
E por aqui termino este post com as dicas gerais e fundamentais sobre a Carretara Austral, no Chile. Espero que tenha ajudado o planejamento da sua viagem para este local tão inusitado e exótico, que AMEI conhecer!
